Fonte: Gazeta Digital, créditos da imagem: Divulgação
Criminosos têm aproveitado a rotina de condomínios de alto padrão para aplicar golpes sofisticados no mercado imobiliário. Em entrevista ao Jornal do Meio Dia (TV Vila Real, canal 10.1), nesta terça-feira (25), o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Mato Grosso (Creci-MT), Claudecir Contreira, denunciou a falta de fiscalização e cobrou ação da Segurança Pública após famílias perderem economias de uma vida para estelionatários que se passam por corretores.
Segundo Conttreira, um dos casos mais graves ocorreu no condomínio Brasil Beach, onde golpistas se passaram por corretores e enganaram moradores durante negociações de imóveis.
“O conselho dos corretores tem feito na nossa gestão agora um trabalho de alerta junto aos condomínios, junto aos síndicos, junto aos administradores das empresas que administram, aos zeladores, aos guardas, aos vigilantes lá, porque é lá que ocorre o exercício legal no seu maior número. E nesse caso em específico ocorreu no condomínio Brasil Beach, vários golpes aplicados ali dentro e é um condomínio de alto padrão”, iniciou.
Segundo ele, os criminosos se “infiltram” para praticar o crime. “Nós mandamos um ofício, né, direcionado a todos os síndicos, dizendo da responsabilidade, da possibilidade de responsabilização do próprio condomínio, se aquele exercício ilegal, se aquele golpe ocorrer dentro do condomínio. Ele precisa de que alguém coloque a autorização para entrar lá dentro, autorização de mudança, emissão de boleto”, pontuou.
Apesar disso, ele destacou que a condição financeira da vítima “não define se ela vai cair em um golpe”, já que o esquema afetou inclusive famílias de alto padrão. De acordo com ele, denúncias chegam ao Creci diariamente envolvendo pais de família que economizam por anos para dar entrada em um imóvel e acabam entregando suas economias a estelionatários.
“Pessoas comuns que guardam 10, 15, 20 mil reais para dar de entrada na compra de um imóvel, ele não toma o cuidado de buscar se essa pessoa que tá transacionando é um corretor inscrito, acaba entregando esse pequeno recurso na mão desse meliante, desse malfeitor e acaba sendo frustrado aí a tentativa de compra do seu próprio lar”, continuou.
O presidente afirmou que o Creci já emitiu ofícios alertando síndicos e administradores sobre a possibilidade de responsabilização dos condomínios que facilitarem o acesso de golpistas. Ele critica a falta de verificação sobre a inscrição profissional de quem atua dentro dos residenciais.
“Se a administração tivesse consultado o registro no Creci, já identificaria na hora que não se tratava de corretor”, disse.
Legislação
Contreira destacou também que o órgão elaborou o projeto de lei 1.898/2025, apresentado pelo senador Wellington Fagundes (PL), que criminaliza o exercício ilegal da profissão, hoje considerado apenas contravenção. A proposta prevê sanções tanto para quem pratica o golpe quanto para quem permite a atuação irregular dentro dos condomínios.
Durante a entrevista, ele fez duras críticas à Secretaria de Segurança Pública, relatando que o Creci não recebe apoio da Polícia Civil nem ao realizar operações de fiscalização. Segundo o presidente, casos envolvendo vítimas vão muito além do prejuízo financeiro.
“Então nós escrevemos esse projeto, o senador Wellington Fagundes apresentou no Senado esse ano, é o projeto de lei 1898 2025, que prevê aí sérias sanções, não só aquele que cometeu o exercício legal, mas aquele que também por algum motivo facilitou que isso ocorresse”, finalizou.

